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Precatórios: o que são e como funcionam?

Precatórios são ordens de pagamento judicial para quitar dívidas governamentais após condenações. Saiba como funcionam e sua importância.


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Equipe Somas
Criado em 24 de maio, 2024

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Precatórios: o que são e como funcionam?Precatórios: o que são e como funcionam?


O que são Precatórios

Precatórios são ordens de pagamento emitidas pelo Poder Judiciário em favor de pessoas físicas ou jurídicas que ganharam uma ação judicial contra o governo (federal, estadual ou municipal) ou suas entidades, como autarquias e fundações. Esses títulos são resultado de condenações definitivas em processos judiciais, onde não cabem mais recursos. Quando o governo é condenado a pagar uma indenização, essa dívida é formalizada por meio de um precatório, que deve ser quitado dentro de um prazo determinado​​.

Existem dois tipos principais de precatórios: os alimentares e os não alimentares. Precatórios alimentares decorrem de dívidas relacionadas a salários, pensões, aposentadorias e indenizações por morte ou invalidez. Já os precatórios não alimentares envolvem outras naturezas de dívida, como desapropriações, tributos e contratos​.


Como Funcionam os Precatórios

O funcionamento dos precatórios envolve várias etapas, desde a condenação judicial até o pagamento da dívida pelo governo. Aqui estão os principais passos desse processo:


1. Condenação Judicial

O processo se inicia com a condenação definitiva do ente público em uma ação judicial. Após esgotadas todas as possibilidades de recurso, a sentença condenatória torna-se definitiva, estabelecendo o valor que o governo deve pagar ao credor.


2. Emissão do Precatório

Com a sentença definitiva, o juiz responsável pelo caso emite uma requisição de pagamento ao ente público devedor. Esse documento é o precatório, que indica o valor da dívida e o prazo para pagamento.


3. Inclusão no Orçamento

Os precatórios emitidos até 1º de julho de um ano são incluídos na proposta orçamentária do governo para o ano seguinte. Se a requisição de pagamento for emitida após essa data, o precatório é incluído no orçamento do segundo ano subsequente​.

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4. Pagamento

O pagamento dos precatórios segue uma ordem cronológica de apresentação. Em geral, os precatórios de natureza alimentar têm prioridade sobre os não alimentares. Além disso, precatórios de menor valor, chamados de Requisições de Pequeno Valor (RPVs), são pagos mais rapidamente.


5. Monitoramento e Ajustes

O cumprimento dos pagamentos de precatórios é monitorado pelos tribunais de contas e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em caso de dificuldades financeiras, o governo pode solicitar a renegociação dos prazos de pagamento ou adotar medidas para ajustar suas finanças​​.


Relação dos Precatórios com o Orçamento

Os precatórios têm um impacto significativo no orçamento público. A inclusão dessas dívidas no orçamento anual é obrigatória, o que garante que o governo reserve recursos para quitá-las. No entanto, o pagamento de precatórios pode pressionar as finanças públicas, especialmente em momentos de crise econômica.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no Brasil estabelece normas para a gestão fiscal responsável e inclui dispositivos que visam garantir o pagamento de precatórios. A LRF exige que os entes públicos mantenham um planejamento financeiro adequado para cumprir suas obrigações, incluindo o pagamento de dívidas judiciais.


PEC dos Precatórios

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 23/2021, conhecida como PEC dos Precatórios, introduziu um teto para os pagamentos anuais de precatórios, limitando-os ao valor do teto de gastos. Essa medida foi adotada para liberar espaço no orçamento para outros gastos, como o programa Auxílio Brasil. No entanto, a PEC gerou controvérsias, pois permite o parcelamento de precatórios de alto valor, adiando o pagamento de parte dessas dívidas​.


Precatórios no Brasil

No Brasil, o volume de precatórios é expressivo, e o governo federal, os estados e os municípios acumulam dívidas significativas em precatórios. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de crédito extraordinário para o pagamento de precatórios, totalizando um valor estimado de R$ 95 bilhões. Essa medida visa resolver o acúmulo de dívidas judiciais e restaurar a credibilidade fiscal do país.

O pagamento de precatórios no Brasil enfrenta vários desafios, incluindo a necessidade de equilibrar o orçamento e evitar o aumento da dívida pública. A renegociação de prazos de pagamento e a criação de um fundo específico para a quitação dessas dívidas são algumas das soluções propostas para enfrentar esses desafios.


Quem Cuida dos Precatórios

A gestão dos precatórios envolve diversas instituições e órgãos governamentais:

O Poder Judiciário é responsável pela emissão dos precatórios após a condenação definitiva do ente público. O juiz do caso emite a requisição de pagamento e a envia ao tribunal competente, que fiscaliza o cumprimento da ordem.

O CNJ monitora a gestão dos precatórios em todo o país, garantindo que os tribunais cumpram as normas estabelecidas para a emissão e o pagamento dessas dívidas. O CNJ também promove a transparência na gestão dos precatórios, disponibilizando informações sobre os valores devidos e os prazos de pagamento​​.

Os tribunais de contas, como o Tribunal de Contas da União (TCU), fiscalizam a inclusão dos precatórios no orçamento público e monitoram o cumprimento das obrigações financeiras pelos entes públicos. Eles têm a função de garantir que os recursos sejam utilizados de forma responsável e em conformidade com a legislação vigente.

O Ministério da Economia, através da Secretaria do Tesouro Nacional, acompanha a execução orçamentária e financeira dos precatórios. Ele é responsável por garantir que os recursos necessários para o pagamento dessas dívidas estejam disponíveis no orçamento anual.


Conclusão

Os precatórios são um importante mecanismo para assegurar que o governo cumpra suas obrigações financeiras decorrentes de decisões judiciais. Eles representam uma garantia de pagamento para pessoas físicas e jurídicas que venceram processos contra o poder público.

Entender como os precatórios funcionam, sua relação com o orçamento público e os desafios envolvidos em seu pagamento é crucial para compreender a gestão fiscal no Brasil. A implementação de medidas como a PEC dos Precatórios busca equilibrar as finanças públicas, mas também gera debates sobre a melhor forma de cumprir essas obrigações sem comprometer outros investimentos prioritários.

A gestão eficaz dos precatórios é essencial para manter a credibilidade do governo, assegurar a justiça para os credores e promover a transparência na administração dos recursos públicos. Acompanhar de perto esse tema permite que cidadãos e gestores públicos atuem de forma mais informada e responsável na busca por soluções que beneficiem toda a sociedade.

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